terça-feira, 23 de novembro de 2010

Mostra sobre Guimarães Rosa apresenta filme Outras Estórias


O projeto CineCentro, do Centro Cultural UFMG, exibe nesta terça-feira, às 19h, o filme Outras Estórias. Dirigido por Pedro Bial, a obra é baseada nos contos “Famigerado”, “Os irmãos Dagobé”, “Nada e a nossa condição”, “Substância” e “Sorôco, sua mãe, sua filha”, do livro Primeiras estórias, de João Guimarães Rosa.
A exibição integra a mostra Guimarães Rosa, que durante o mês de novembro, sempre às terças e quintas-feiras, apresenta filmes baseados em obras do autor.
Na próxima quinta-feira, 25, serão exibidos os curtas Rio de janeiro, Minas, Veredas de Minas e Famigerado. A mostra será encerrada no dia 30, com A hora e a vez de Augusto Matraga, do diretor Roberto Santos.
A entrada é gratuita e o Centro Cultural UFMG fica na avenida Santos Dumont, 174, em Belo Horizonte. A sinopse dos filmes está disponível na página da Unidade.
http://www.ufmg.br/online/arquivos/017436.shtml

sábado, 20 de novembro de 2010

Principais Obras Guimarães Rosa


Circuito Guimarães Rosa

Pelos caminhos do sertão mineiro é possível conhecer alguns dos cenários da vida e da obra de Guimarães Rosa. O primeiro Circuito Turístico baseado em literatura, criado em 2005, é destinado àqueles que, além de gostarem do modo de vida do sertanejo, admiram a obra do grande escritor mineiro. Através de suas trilhas descobrimos a arte de viver do sertanejo, o som das violas e do berrante, as festas tradicionais, cavalgadas, passeio de barco pelo Rio São Francisco e ainda Encontros Culturais inspirados nos contos do escritor. Araçaí, Buritizeiro, Cordisburgo, Corinto, Curvelo, Felixlândia, Inimutaba, Lassance, Morro da Garça, Pirapora, Presidente Juscelino, Três Marias e Várzea da Palma, são as cidades que nos contam essas histórias.
Entre as atrações, sem dúvida o Museu Casa Guimarães Rosa, em Cordisburgo, cidade a natal do escritor é uma das mais interessantes. O museu conta com a presença dos Contadores de Estórias Miguilim, que narram trechos das obras nos locais onde as estórias se passam. As histórias e a vida do lendário Manuelzão estão retratadas no Memorial Manuelzão, em de Andrequicé, município de Três Marias. A cidade de Morro da Garça, cenário do conto “O recado do morro”, também se destaca entre as atrações. O Circuito abriga ainda outras atrações como o Memorial Carlos Chagas em Lassance, o vapor Benjamin Guimarães em Pirapora, a Igreja de Pedra em Barra do Guaicuí, município de Várzea da Palma e em Curvelo. E é claro a culinária típica da região, com um toque sertanejo encerra as atrações do circuito.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Guimarães Rosa


www.dominiopublico.gov.br

João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo (MG) a 27 de junho de 1908 e era o primeiro dos seis filhos de D. Francisca (Chiquitinha) Guimarães Rosa e de Florduardo Pinto Rosa, mais conhecido por "seu Fulô" comerciante, juiz-de-paz, caçador de onças e contador de estórias.
Joãozito, como era chamado, com menos de 7 anos começou a estudar francês sozinho, por conta própria. Somente com a chegada do Frei Canísio Zoetmulder, frade franciscano holandês, em março de 1917, pode iniciar-se no holandês e prosseguir os estudos de francês, agora sob a supervisão daquele frade.
Terminou o curso primário no Grupo Escolar Afonso Pena; em Belo Horizonte, para onde se mudara, antes dos 9 anos, para morar com os avós. Em Cordisburgo fora aluno da Escola Mestre Candinho. Iniciou o curso secundário no Colégio Santo Antônio, em São João del Rei, onde permaneceu por pouco tempo, em regime de internato, visto não ter conseguido adaptar-se não suportava a comida.
De volta a Belo Horizonte matricula-se no Colégio Arnaldo, de padres alemães e, imediatamente, iniciou o estudo  do alemão, que aprendeu em pouco tempo. Era um poliglota, conforme um dia disse a uma prima, estudante, que fora entrevistá-lo:
Falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo; leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituânio, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do tcheco, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração.
Em 1925, matricula-se na então denominada Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, com apenas 16 anos. Segundo um colega de turma, Dr. Ismael de Faria, no velório de um estudante vitimado pela febre amarela, em 1926, teria Guimarães Rosa dito a famosa frase: "As pessoas não morrem, ficam encantadas", que seria repetida 41 anos depois por ocasião de sua posse na Academia Brasileira de Letras.
Sua estréia nas letras se deu em 1929, ainda como estudante. Escreveu quatro contos: Caçador de camurças, Chronos Kai Anagke (título grego, significando Tempo e Destino), O mistério de Highmore Hall e Makiné para um concurso promovido pela revista O Cruzeiro. Todos os contos foram premiados e publicados com ilustrações em 1929-1930, alcançando o autor seu objetivo, que era o de ganhar a recompensa nada desprezível de cem contos de réis. Chegou a  confessar, depois, que nessa época escrevia friamente, sem paixão, preso a modelos alheios.
Em 27 de junho de 1930, ao completar 22 anos, casa-se com Lígia Cabral Penna, então com apenas 16 anos, que lhe dá duas filhas: Vilma e Agnes. Dura pouco seu  primeiro casamento, desfazendo-se uns poucos anos depois. Ainda em 1930, forma-se em Medicina, tendo sido o orador da turma, escolhido por aclamação pelos 35 colegas.
Guimarães Rosa vai exercer a profissão em Itaguara, pequena cidade que pertencia ao município de Itaúna (MG), onde permanece cerca de dois anos. Relaciona-se com a comunidade, até mesmo com raizeiros e receitadores, reconhecendo sua importância no atendimento aos pobres e marginalizados, a ponto de se tornar grande amigo de um deles, de nome Manoel Rodrigues de Carvalho, mais conhecido por "seu Nequinha", que morava num grotão enfurnado entre morros, num lugar conhecido por Sarandi.